Resenha - Fazedores de Tendas

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Fazedores de Tendas/Fazedores de Discípulos.
Philip John Greenwood

Casado com Jan, pai de três filhos. Philip é missionário da “Latin Link Europe”. Está no Brasil desde 1992 e atualmente reside no interior de São Paulo. Trabalhão com a Aliança Universitária do Brasil nas áreas de discipulado e ensino. Apóia a obra missionária Transcultural brasileira, especialmente no que se refere a profissionais em missões. É Formado em Engenharia Química na Inglaterra e Mestrado em Teologia Pratica pela FTSA – Faculdade de Teologia Sul Americana em Londrina – PR.

A perspectiva teórica desta obra está amplamente abordada no capitulo 3 que se propõe a construir um referencial teórico a partir de Paulo freire e René Padilla, Pedagogia e missões respectivamente. Com isso o autor deseja mostrar um novo jeito de educar ou formar os missionários transculturais no Brasil.

Está é uma obra que tem como objetivo discutir e propor um novo sistema de treinamento de missionários fazedores-de-tendas. Para isso o autor esclarece os termos definindo tanto o fazedores-de-tendas como o seu público alvo (os povos menos alcançados), fala do desenvolvimento na história de missões transculturais. Embasando-se nas Escrituras nos referenciais teóricos de Paulo Freire e René Padilla, bem como na realidade do mundo contemporâneo, mostre que é possível e necessária a elaboração de um modelo contextualizado que atenda os pressupostos da missão integral.


No primeiro capítulo Greewood trata de estabelecer uma relação entre os fazedores-de-tendas e os missionários no decurso da história mesmo, com isso ele deseja mostrar que o ministério dos fazedores de tendas é tão antigo quanto a historia das missões mundiais. Os nestorianos e os Moravianos, dentre outros são citados com exemplos de missionários que se sustentavam com seus próprios trabalhos. Em Basiléia foi fundada uma escolas com a iniciativa de treinar os missionários em duas áreas especificas: teológica e comercialmente (p.14) e congressos internacionais foram realizados, com intuito de nortear a missão integral da igreja.
O fazedor de tendas é um cristão chamado para desempenhar o ministério missionário transcultural sendo sustentado por sua profissão, a qual muitas vezes viabiliza a permanência dos mesmos entre os povos menos alcançados que são na sua maioria mulçumanos, budistas e hinduístas. “... São povos em que mais de 50% provavelmente nunca ouviu o evangelho; eles representam um pouco mais de 27% da humanidade e a maioria vive cercada por barreiras políticas, religiosas, sociais e espirituais que dificultam a obra missionária cristã” (p. 41);

No segundo capítulo o autor trata de elaborar propor uma teologia bíblica para os fazedores de tendas, a princípio mostra exemplos do Antigo Testamento bem como do Novo testamento. No AT. “Serão apresentados três personagens: Daniel, José e Neemias” (p. 57). Os quais trabalharam em um contexto transcultural e sustentavam-se com suas profissões. No NT. menciona os exemplos do apostolo Paulo, Pricila e Áquila que mantiveram uma mesma postura que os exemplos do AT.
Para o Autor a teologia dos Fazedores de Tendas é a da soberania de Deus que conduz, guia, dirige, sustenta e mantém em terras estranhas aqueles que como bons profissionais dedicam suas vidas ao serviço no reino de Deus, cumprindo assim a missão da igreja.
No Terceiro capítulo Greewood trata de construir um referencial teórico para sua obra, no que tange a preparação dos fazedores de tendas, e, para tanto, recorre as teoria pedagógicas de Paulo Freire e os conceitos da missão integral de René Padilla. Em Paulo Freira, Greewood encontra uma nova forma de educação onde a ‘educação bancaria’ é duramente criticada e a educação ‘dialóga’ e ‘problematizadora’ (termos usados por Freire) é exaltada. No treinamento dos novos discípulos não se deve anular os conceitos adquiridos ao longo da vida fazendo com que o educando torne-se ‘um recipiente vazio’ aonde o educador despejará todo o conteúdo (as informações). Faz-se necessário que o educador crie problemas que leve o educando a refletir, pensar, cogitar e etc, através de pergunta, diálogos e não monólogos neste processo o conteúdo programático não deve ser um conteúdo problemático ele deve ter uma ligação direta com a vida do aluno, da comunidade, ou seja, tem que está contextualizado. Este sistema de educação pensa no ser humano como um todo e em todo instante trata do conhecimento com algo dinâmico e não estático “Consequentemente, o educador tem uma parte neste processo, mas ele não é o seu iniciador e nunca será o seu finalizador” (p. 92). Freire concebe a educação como um processo inacabado e inacabável. Em René, Greewood encontra sabias palavras experimentadas, efetivamente comprovadas e não raras de uma realidade observada no cumprimento da missão integral da igreja.
No quarto capítulo intitulado “A realidade desafiadora e a preparação de missionários no Brasil” o autor trata de mostrar as dificuldades encontradas nos paises menos alcançados bem com o sistema de treinamento de missionário no Brasil, tal sistema não atende a atende aos fazedores de tendas pela longa duração e formas de ministração. Ao explicar a realidade desafiadora dos paises menos alcançados Greewood cita vários exemplos de fazedores de tendas, em atividade, e suas dificuldade.
“Uma das áreas mais desafiadora, citada pelos fazedores de tendas, foi da adaptação à nova cultura. Alem de lidar com a lentidão da burocracia e a corrupção foram acrescentadas a pressão de conviver com a falta de privacidade, de segurança e de higiene. Também foi citado o problema de lidar com as expectativas dos nativos, a angustiante saudade dos familiares e amigos...” (p.109)


No quinto e último capítulo o autor propõe um modelo de treinamento contextualizado com a realidade dos fazedores de tendas. A principio a igreja local deveria disponibilizar meios pelos quais os membros pudessem ser despertados para o ministério de fazedor de tendas, ao mesmo tempo, aqueles que foram despertados devem envolver-se efetivamente em tais atividades. “O chamado de Deus não vem no vácuo, mas no contexto do serviço ao Reino de Deus” (p. 128). Greewood frisa a necessidade que os fazedores de tendas têm de filiarem-se a uma agencia missionária e ressalta que “ Alem do apoio logístico e a orientação que providenciam, elas representam um referencial para prestação de contas durante o tempo que o fazedor de tendas passar no exterior e facilita a formação de equipes” (p. 131). O autor defende que as instituições de ensino teológico no Brasil deveriam diversificar o sistema de oferta de curso de tal forma que possibilitassem “mais participação e flexibilidade”[1], pois ele entende que enquanto o profissional permanece na em presa trabalhando ele poderia receber uma formação teológica e isso poderia ser feito através dos recursos tecnológicos que dispomos tais como: CD ROM, DVD e Internet, bem como treinamentos de férias, retiros espirituais, imersão.

Após análise deste livro chegamos à conclusão de quem este é sem dúvida um excelente trabalho de linguagem simples e acessível a todos, pode ser lido por qualquer um: novos convertidos, líderes, presbíteros, diáconos, bispos, pastores, diretores, presidentes e etc. Também no que diz respeito a uma didática apropriada ao preparo dos fazedores de tendas, apresenta alternativa que viabilizam a participação de profissionais enquanto ainda trabalham. O ministério dos fazedores de tendas é apresentado como a melhor alternativa para alcançar os povos menos alcançados, bem como um manual para esclarecer importantes dúvidas acerca deste ministério.
Creio que o ministério dos fazedores de tendas ainda é um ministério ainda desconhecido por muitos pastores brasileiros, o que torna a preocupação em treiná-los seja algo inexistente. O presente trabalho tem como objetivos a apresentação deste ministério, na perspectiva da missão integral bem como oferecer métodos apropriados de treinamentos para os mesmos e ao mesmo tempo alerta-los para os desafios encontrados do campo missionário.
Este trabalho pode transformar a vida da igreja que adotar os princípios apresentados como pratica. Ao compreender a missão integral da igreja os lideres da igreja local olharão para os povos menos alcançados não mais como uma missão inatingível, mas através dos fazedores de tendas ela pode participar efetivamente no treinamento e envio de profissionais que atendendo ao chamado colocam a disposição de Deus suas vidas e profissões.
[1] P. 135



Pr. Josiel Pereira Santos
Data: 3/04/2006

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